O assalto.
Certa
vez, ao sair de casa, em uma noite aparentemente comum, me deparei com um
acontecimento.
Uma
mulher, a qual aparentava ter seus 27 anos de idade e com um belo corpo que
chamava a atenção de qualquer homem, conduzia ao seu lado direito uma criança,
essa devia ter uns cinco anos de idade. Os dois pareciam bem vestidos, porém a
criança era dotada de uma magreza assustadora.
A
mulher e a criança iam caminhando pela calçada a poucos metros em minha frente,
era uma caminhada tranquila. De repente a criança olhou para trás e me encarou
profundamente, pude absorver um alto nível de sinceridade no brilho do olhar
infantil, procurei formular um sorriso, contudo a criança voltou a atenção para
frente me ignorando indiferentemente.
Os
dois entraram em um comércio e eu continuei a andar em busca de algo perdido em minha memória. Entretanto algo igual a um grito feminino ecoou em meus ouvidos.
Voltei-me
para trás e percebi um pequeno alvoroço em frente ao comércio. Corri para ver o
que acontecia. Ao chegar lá avistei a criança abraçada ao corpo da mulher. Naquele
momento a mulher já era um cadáver e a criança mais uma órfã nesse mundo de
Deus.
Não
tive uma emoção peculiar. A criança gritava procurando uma resposta no rosto
dos transeuntes. Os murmúrios diziam que um moleque anunciara um assalto ao
comércio, nesse momento a mulher tentara fugir com a criança, mas o delinquente
disparara um tiro que ceifara a vida da jovem.
De
repente os olhos da criança cruzaram com os meus novamente, no entanto, dessa
vez não ousei esbouçar qualquer reação. A criança parou de gritar ao me ver,
silenciou-se por alguns minutos e jogou-se sobre o corpo quase gélido que
esparramava-se e fundia-se ao sangue quente no chão do comércio.
Logo
chegou a ambulância e o conselho tutelar. Agora eu já observava o fato de
longe. Ao ver a criança ser levada até o carro por um policial. Senti o trajeto
de uma lágrima, uma única lágrima, correr em meu rosto.
Naquele
momento me senti tão inútil e descartável, que apenas voltei para casa e dormi.
Isso mesmo! Apenas dormi...