quinta-feira, 28 de junho de 2012

O assalto.


            Certa vez, ao sair de casa, em uma noite aparentemente comum, me deparei com um acontecimento.
            Uma mulher, a qual aparentava ter seus 27 anos de idade e com um belo corpo que chamava a atenção de qualquer homem, conduzia ao seu lado direito uma criança, essa devia ter uns cinco anos de idade. Os dois pareciam bem vestidos, porém a criança era dotada de uma magreza assustadora.
            A mulher e a criança iam caminhando pela calçada a poucos metros em minha frente, era uma caminhada tranquila. De repente a criança olhou para trás e me encarou profundamente, pude absorver um alto nível de sinceridade no brilho do olhar infantil, procurei formular um sorriso, contudo a criança voltou a atenção para frente me ignorando indiferentemente.
            Os dois entraram em um comércio e eu continuei a andar em busca de algo perdido em minha memória. Entretanto algo igual a um grito feminino ecoou em meus ouvidos.
            Voltei-me para trás e percebi um pequeno alvoroço em frente ao comércio. Corri para ver o que acontecia. Ao chegar lá avistei a criança abraçada ao corpo da mulher. Naquele momento a mulher já era um cadáver e a criança mais uma órfã nesse mundo de Deus.
            Não tive uma emoção peculiar. A criança gritava procurando uma resposta no rosto dos transeuntes. Os murmúrios diziam que um moleque anunciara um assalto ao comércio, nesse momento a mulher tentara fugir com a criança, mas o delinquente disparara um tiro que ceifara a vida da jovem.
            De repente os olhos da criança cruzaram com os meus novamente, no entanto, dessa vez não ousei esbouçar qualquer reação. A criança parou de gritar ao me ver, silenciou-se por alguns minutos e jogou-se sobre o corpo quase gélido que esparramava-se e fundia-se ao sangue quente no chão do comércio.
            Logo chegou a ambulância e o conselho tutelar. Agora eu já observava o fato de longe. Ao ver a criança ser levada até o carro por um policial. Senti o trajeto de uma lágrima, uma única lágrima, correr em meu rosto.
            Naquele momento me senti tão inútil e descartável, que apenas voltei para casa e dormi. Isso mesmo! Apenas dormi...