terça-feira, 7 de agosto de 2012

Reencontro

Pensei que estava curado
Que as lembranças já ofuscadas
Tivessem, de mim, eliminado
Todo aquele prazer das encaradas.

O sangue me correu tão feroz
Tão lúdico e inusitado.
Só pude me afastar de nós
E evitar o antigo resultado.

Se por ti não fui merecido
Perdoe-me pela decepção
É que nas profundezas do coração
Dorme um remorso convencido.

Se não nos fui fiel,
Não me julgues pela atitude.
Apenas quis saborear a juventude
Capaz de nos fazer tocar o céu.

Fascínio

Óh, ódio!
Que mazela
vem surgindo do meu peito.

Óh, sonho!
Que perigo,
tu podes condenar-me até à morte.

Óh, medo!
Que guerreiro,
nem preciso chamá-lo. Estás aqui.

Óh, amor!
Que desejo,
afastando-se mais e mais de mim.

Óh, futuro!
Que incerteza,
já pude senti-lo e tocá-lo.

Óh, passado!
Que memória,
és tão doce, quanto amargo.

Óh, presente!
Que desprezo,
nem consigo entendê-lo.

Óh, mundo!
Que fantástico...
Tão natural e imperfeito.

Só.

Horas insanas
comem meus neurônios.
Passam, ouça...
O tic-tac,
medonho...
Que tédio, sangrento tempo.
Vozes, apareçam vozes
Acalentem-me
Afaguem-me
Cubram-me
Tirem-me o sujo pensamento
Toc-toc, cheguei...
A hora é essa.

Sentido!...

O grotesco sentido
que me gasta o desejo
faz eu sentir-me
num puro apego.
Apego mero, impuro,
gostoso, injusto, horroroso.
Sentido nojento,
desejo amoroso...
Basta! Quero apenas viver.

Viagem Eterna

É silenciosa.
Até parece sentimento indesejado.
Difícil de controlar.
Te consome aos poucos,
Ferozmente
Loucamente
Vagarosamente
De repente.
Instantânea e pronto...
Era uma vez!!!
Ela te oferece uma passagem,
mas na Rodoviária Celestial
o bilhete é único,
porque tu tens a hora da partida,
porém a hora da volta é administrada
por um ser.
Ele, só Ele é capaz de ti dizer:
- Pode vir que eu te recebo em Paz!
E a viagem eterna é saboreada.