As nuvens e o vento
Eu
sempre olho para as nuvens. Me parece que elas possuem vida própria. Em poucos
momentos mudam de forma, mudam de caminho, mudam de direção. As admiro muito.
Talvez minha admiração se dê por conta da liberdade que elas possuem. Cortam o
céu, cortam meu olhar.
De
tanto acompanhar seus movimentos logo percebo que adquiro uma certa cegueira
diante de toda sua brancura. O claro é tão forte que promove o escuro em meus
olhos. Me pergunto se essa cegueira pode comprometer meus momentos de deleite
das nuvens, mas logo o organismo me responde, pois a escuridão se vai e os
traços naturais das coisas retornam, mesmo que isso ocorra de forma demorada.
Quando
era criança, desejei ser uma nuvem também. Queria sua liberdade, seu poder de
transformação, seu poder hipnotizador. Mas, com o passar do tempo, percebi que
a liberdade das nuvens era provocada por um outro fenômeno da natureza: o
vento.
Entre
as nuvens e o vento fiquei em dúvida. As nuvens, como já disse, me encantavam
profundamente, porém agora, um outro elemento me intrigava. O vento é o
propulsor da liberdade das nuvens, conforme a velocidade dos ventos, temos
formas diferentes e volumes diferentes das nuvens.
Hoje
já não me vejo querendo ser uma bela nuvem, um esperto e ágil. Quero construir
uma vida a qual contenha as características do vento e a beleza das nuvens.
Que
eu consiga voar, correr, encantar os outros, assim como as nuvens fazem.
Que eu consiga guiar e moldar os meus caminhos,
assim como os ventos fazem.
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